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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ecléticos?

Preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, racial e sexual. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Preconceito

Eu adicionaria mais um: preconceito musical. Muitas pessoas se dizem ecléticas, que gostam de tudo, mas quando se fala em metal, por exemplo, recuam, dizem que é demoníaco, feio, pesado.

O que a maioria dessas pessoas não sabe é a origem do que elas mesmas gostam. O axé, por exemplo, surgiu como um grito de protesto dos negros que não tinham liberdade no Brasil pós-colonial. Esses mesmos negros, em sua maioria de origem africana e seguidores da ubanda, religião condenada por 90% dessa mesma população que gosta desse estilo, usavam a música para demonstrar a sua marginalização mesmo depois de sua "libertação". Após passado um pouco esse período, o axé passou a ser usado como instrumento de marketing, usado por pessoas que se dizem músicos para ganhar dinheiro em cima de músicas maliciosas e pobres de cultura. A mesma banda que tem autoria sobre a onda do momento, o "Rebolation", tem outras músicas de qualidade musical semelhante e diferentemente maliciosas, como uma que fala que a menina não quer mais brincar, só quer saber do pica-pau.

O pagode é um gênero musical brasileiro originado no Rio de Janeiro a partir da cena musical do samba dos fundos de quintais. Na verdade, o pagode não é exatamente um gênero musical. Pagode era o nome dado às festas que aconteciam nas senzalas e acabou tornando-se sinônimo de qualquer festa regada a alegria, bebida e cantoria, ou seja, uma boemia carioca. Com músicas que falam sobre temáticas incontáveis, o pagode é um semi-ritmo escutado mais por seu balanço, continuidade de frases e humor nas letras. Sogra, bebida, amigos chatos, tudo é tema para virar pagode. É um estilo levemente rico, com instrumentos usados no chorinho, como cavaquinho e violão.

Brega é um gênero musical de cunho popular de origem no Brasil. O brega tradicional é característico pela música com melodias fortes, geralmente tratando de temas como declaração de amor, casamento, traição, desilusões amorosas, entre outros assuntos correlatos. o brega de hoje é puramente composto por letras de duplo sentido que têm como tema principal o sexo. Sendo um dos estilos mais pobres musicalmente, o brega tem um ritmo (ritmo?) lento e baseado no toque do teclado.

Forró é uma festa popular brasileira, de origem nordestina e é a dança praticada nessas festas, conhecida também por arrasta-pé, bate-chinela, fobó, forrobodó. No forró, vários ritmos musicais daquela região, como baião, a quadrilha, o xaxado, que tem influências holandesas e o xote, que veio de Portugal, são tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro (tocador de acordeão—que no forró é tradicionalmente a sanfona de oito baixos), um zabumbeiro e um tocador de triângulo. Após várias transformações, o forró assemelha-se ao brega no que compete às letras das músicas, que se tornaram, em sua marioria, puramente de duplo sentido. Levemente enriquecido, com os instrumentos já citados, o forró foi estragado ao longo do tempo.

Existem inúmeros ritmos que podem ser citados aqui, mas falarei de um específico que mais sofre preconceitos, o metal.

A origem do metal vem do blues, ritmo de origem estadunidense que surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas spirituals e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos, com forte raiz estilística na África Ocidental. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela. O Blue Cheer, banda que influenciou o Black Sabbath, tida como primeira banda do metal, merece atenção especial.O rock do grupo era inspirado no blues, no psicodelismo da época, mas isto feito de um modo pesadíssimo pro seu tempo . A banda lançou alguns álbuns entre o final dos anos 1960 e o final dos anos 1970, quando acabou. Mas no fim dos anos 1980 o grupo volta com uma nova formação e até hoje continua na ativa. O Blue Cheer desde sua formação aliava em suas músicas o desenrolar do Blues e efeitos pesadíssimos de guitarra asemelhando-se muito com as primeiras bandas de heavy metal , em que os guitarrristas cada vez mais inventavam efeitos e jeitos diferentes de tocar, tocando até mesmo notas que antes eram consideradas satânicas.

Essas notas, o trítono, tão explorado por Tony Iommi em suas músicas do Black Sabbath, eram consideradas satânicas até a Idade Média por terem um soar sexual, logo, demoníaco. Quer dizer, o que as pessoas dizem sobre o metal tem origem, quase inconsciente, num conceito formado no auge da ignorância humana, quando cabeças cortadas eram carregadas e penduradas em postes como se fossem troféus. Pergunto-lhes: para vocês, teístas, o que é mais satânico, uma nota que soa sexual ou cabeças decepadas?

Outro absurdo é falarem que vocal de metal é feio, pesado. Não tiro a razão, existem os feios e desafinados, mesmo. Mas quando falam de gutural a conversa é outra. O vocal gutural (do latim guttur, que significa garganta, goela), em música, é uma técnica vocal que produz um som rouco, grave ou profundo, que se obtém através do apoio diafragmático(comumente usado na maioria dos estilos de canto), que é uma técnica de respiração, juntamente com distorções no som produzido nas pregas vocais e laringe, que produz um som grave e rouco, com uma agressividade característica. Esse estilo é ensinado em conservatórios de música e é extremamente difícil deser executado, envolve muita técnica e treino, além de talento.

Quando se fala em "barulho" referem-se à bateria também. Mas poucos sabem que a técnica dos bateristas de metal é extrema e que exige um treinamento intenso e condicionamento físico excelente. O mesmo se aplica às guitarras, que para serem executados certos solos o guitarrista precisa de anos de treino, além de capacidade para criar uma amarração nos riffs, formando um dos ritmos mais ricos musicalmente.

Temáticas de exclusão, guerras, fome, paz, religião são amplamente abrangidas nas letras de metal. Vale ser citado aqui o álbum ...And Justice for All da banda Metallica que, além de ser o meu preferido, trata da "justiça", guerra, ganância etc.

Em suma, o preconceito musical, como todo e qualquer tipo de preconceito, existe e deve ser abolido. Antes de falar qualquer coisa sobre qualquer assunto sem conhecer, deve-se procurar saber sobre o mesmo, para poder argumentar. Se após conhecer os conceitos continuarem os mesmos não se trata mais de preconceito e, sim, de diversidade, que se não existisse o mundo seria pura monotonia.

Um comentário:

Dercy disse...

Amore...

Tá lindo, perfeito! Adorei...

Muito bom você ter postado a origem do Metal, quem sabe assim esse preconceito rídiculo se encerra!!

Congrats!

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