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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A mulher de hoje

Não quer chocolates ou flores
nem ao menos morrer de amores
A mulher de hoje só quer saber da pegada
aquela que a deixa pensando horrores
e até faz ficar suada

Não quer alguém sensível, inteligente
mas também não quer indigente
O negócio é ser bombado e sarado
sem saber o que diabos é uma tangente
Só não pode ter o negócio delgado

Não quer carinho ou atenção
nem se importa se é companheiro ou não
nem ao menos se é independente
Se não tem um corpão
não vai passar de pretendente

Não se pode generalizar, é claro
existem aquelas que se importam se o dito cujo tem predicado
Se é um bom homem e amigo
mesmo não sendo malhado...
Essas podem contar comigo!

A dança das metrópoles

Andando pelo centro da cidade comecei a prestar atenção em detalhes que antes me passavam desapercebidos. Comecei a reparar no movimento dos corpos dos seres humanos que por ali passavam ininterruptamente.

Nas calçadas os passos apressados e os lentos, que causam a lentidão harmoniosa da dança, se misturam, assemelhando-se a um grupo de dançarinos de tango que dançam sem parar no salão, a calçada.

Nos pontos de ônibus as corridas seguidas pelos pulos das calçadas pr'o primeiro degrau do veículo lembram um balé estilizado, implementado pelo cenário de fundo dos carros passando de um lado ao outro, de vez em quando soltando um grito (buzina) ovacionando a dança.

Os gritos dos vendedores parece um coral que acompanha um musical, tendo como atuantes os atores anônimos que apenas vêm e vão sem conhecimento de seu prestígio. Nas lojas de roupa as mulheres carregando as peças de um lado a outro representam as camareiras dos artistas no palco do lado de fora.

E nas praças vemos a plateia a contemplar esse belo espetáculo que acaba às dez da noite para recomeçar novamente às seis da manhã no outro dia, de segunda a sexta, exceto nos feriados.

O Brasil de hoje (poesia tronxa)

Padre fazendo neném
Pedófilo dizendo amém
Quando a mulher engravida
O filho é de quem?
Ninguém sabe, coisas da vida!

O camarada estuda, estuda e se forma
Com pouca coisa não se conforma
Mas o bonitão que não pensa é que se dá bem
aquele que a inteligência se assemelha à de uma porta
pinta de michê só anda com coroa de mercedes-benz

Político corrupto anda de avião
trabalhador honesto só vai de buzão
O povo pede reforma
deputado só quer mensalão
e assim vai andando o Brasil com sua política tão limpa quanto uma porca

O coitado do terceiranista estuda o ano todo pr'o ENEM
como se fosse morrer antes do ano que vem
Aí vem um espertinho com um blusão
apenas querendo se dar bem
Rouba a prova e nela pede um milhão

E assim vai o nosso país
No carnaval esquecendo de tudo, apenas sendo feliz
Parece até que nem problemas tem
e eu aqui gastando meu giz
Com pessoas que por mim só têm desdém

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A saga de um legionário

Há tempos que não visitava a central do Brasil. Fui lá e aproveitei tempos perdidos, encontrei Eduardo e Mônica e até joguei uma partida com Maurício, mas ele usava um dado viciado. Fui até Angra dos Reis e perguntei a Andrea Doria como estava e ela respondeu que estava tudo como sempre, apenas mais do mesmo. Até me falou sobre uma laranjeira prateada que havia plantado embaixo do aquário. Fui à metrópole de São Paulo para ouvir um pouco de música urbana. Vi pais e filhos, meninos e meninas correndo desesperados como se aquele fosse o último dia, como se à noite não tivesse luar. Dessa agonia saí para aproveitar um vento no litoral do Rio e esquecer que os bons sempre morrem jovens. Fui ao Teatro dos Vampiros para ver um pouco de cultura. Subi a montanha mágica chamada Pão de Açúcar para ver mais de perto a Via Láctea. Fiquei entre a cruz e a espada entre chamar Mariane ou Leila para dar um passeio na Boa Vista e depois de uma olhada na fonte convidar para uma dança. Meu coração ficou em mil pedaços quando nenhuma das duas aceitou o meu convite, mas então pensei "ainda é cedo". Chamei Natália para um love in the afternoon, mas que não durasse mais que três semanas. Ela aceitou e quando eu nada mais esperava ela disse algumas coisas numa carta intitulada "love song". Nela tinham pensamentos tão completos dizendo que entre nós havia uma inexplicável química e que ela estava com um vício sem fim por mim. Ela disse para eu esperá-la em frente à Cathedral Song. Fiquei esperando o meu amor passar por vinte e nove minutos, mas ela não passou. Quando consegui falá-la ela disse que só por hoje queria ficar só. Dezesseis dias se passaram e ela não apareceu e "my girl" não mais me procurou. Mudaram as estações e ela não apareceu. Depois desse amor platônico resolvi continuar L'aventura pelas capitais brasileiras. Encontrei anjos, andei de barco e até múmias eu vi. Ao final disso tudo conheci um caboclo do faroeste brasileiro que me contou várias histórias. Histórias de guerra e de paz e até histórias de índios que eu sei que farão a diferença no fim da minha jornada.

A arte musical nas ruas e avenidas do Recife

A arte está em todo lugar, basta saber procurar. As calçadas das ruas do Recife estão enfestadas de artistas e de obras de arte, basta saber indentificá-los.

Os ambulantes, por exemplo, constituem uma arte visual e auditiva fantástica. Seus agudos e graves juntamente com o som dos carros, das buzinas e os solos das ambulâncias constituem uma sinfonia de quase perfeita harmonia na Av. Conde da Boa Vista.

Na Av. Rui Barbosa o silêncio mortal da manhã é logo interrompido pelas buzinas incansáveis dos carros que lá transitam num grande e inexplicável engarrafamento nos horários de pique. Engarrafamentos esses que acabam por formar grandes amizades que sempre começam com gritos ou sussurros de indignação como "que demora é essa?" ou com engraçados palavrões.

Na Av. Agamenon Magalhães ouvimos o som dos pneus passando por cima das divisões das placas da avenida que quase constituem uma grande e harmônica percussão acompanhando os agudos das ambulâncias.

Na Av. Rosa e Silva, nos dias de domingo, ouvimos o som dos gritos dos torcedores no estádio do Náutico misturado com o som dos rádios de pilha daqueles que ficam de fora do estádio acompanhando tudo. Mais uma vez presentes as buzinas, dessa vez tocando "quer dançar? quer dançar? o timbu vai te ensinar!" levam o concerto.

Não posso deixar de citar a rua da Concórdia. Ah! Rua da Concórdia! Lar dos músicos de nossa cidade, encontro de sonhadores que vêm de todas as partes da cidade e de outras cidades também. Em todo canto ouvimos o som das baterias, flautas, guitarras, violões, baixos. Que beleza! Tudo misturado, mas ao mesmo tempo parece tudo estar em tão perfeita sincronia com o som da cidade que se mistura e se separa o tempo todo, formando esse grande, harmonioso e desastrado concerto, tornando os dias dos recifenses mais musicais... e estressantes.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eufemismo: boa educação ou hipocrisia?

Eufemismo é uma figura de estilo que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Eufemismo).

Mas o que dizer dos telejornais que empregam termos "bonitinhos" como desvio de verbas quando o verdadeiro nome pra isso não é nada além de roubo?

É importante saber identificar quando esse tipo de coisa passa da boa educação para a hipocrisia. Termos como afro-decendente, desprovido de beleza, cabelos mal-tratados, usurpador do bem alheio e alguns outros são constantemente usados para diminuir o impacto que causa palavras como negro, feio, cabelo ruim e ladrão.

Não que isso seja uma coisa ruim em todos os casos. Mas, como no exemplo já citado, quando essa figura de estilo é utilizada para minimizar a culpa de certos atos isso passa a ser um instrumento alienativo por parte da mídia e das pessoas também.

Esse recurso é largamente utilizado quando alguma pessoa importante morre e por isso se torna um deus ou algo a ser idolatrado por qualquer besteira que tenha feito. Quando um artista morre, seja ator, cantor etc., ele se torna o melhor naquilo que fazia independente da real qualidade do seu trabalho.

Mas um caso curioso deve ser citado: morreu na semana passada, no dia 20 de novembro às 23h50, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e algo muito diferente aconteceu. Quando a emissora global passou a notícia eles não fizeram questão de santificar o dito cujo, pelo contrário; mostrou todas as suas peripércias quando em vida sem meias palavras, inclusive o fato de só ter ido ao velório Rony Golabeck, viúva de Pitta, e a mãe dele foi claramente mostrado(matéria completa em http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1387746-10406,00-MORRE+O+EXPREFEITO+DE+SAO+PAULO+CELSO+PITTA.html).

Sendo esse um caso à parte, na maioria das vezes é empregado o uso dessas expressões para, como já foi dito, santificar algum defunto, na maioria das vezes, não podendo esquecer-se, apesar de tudo, a real influência, boa ou má, do indivíduo.

Devo citar também aqui o caso de Michael Jackson. Ele estava esquecido pela mídia e completamente marginalizado por parte da sociedade pelas acusações de pedofilia. Quando morreu todos pareceram ter esquecido das acusações e cada um prestou sua singela homenagem ao rei do pop. Expressões como irreconhecível e tratar as crianças de uma maneira estranha foram usadas para substituir outras como horrível e pedofilia.

Abro um parêntese para mostrar que eu particularmente não tenho nenhum ponto de vista específico sobre os casos de pedofilia envolvendo o astro (só acho que ele era inocente por ter síndrome de Peter Pan) e não o abominava nem era fã, era apenas mais um cantor pop neutro pra mim.

Deve-se ter muito cuidado e saber diferenciar quando o eufemismo passa a ser algo negativo e prejudicial quanto ao conhecimento da veracidade dos fatos por parte do público em geral.

domingo, 29 de novembro de 2009

O racismo infantil

Estudos comprovam que o ser humano já nasce tendencioso à prática do racismo. Como explicar o porquê desse sentimento de superioridade por parte dos brancos e dos mais favorecidos economicamente?

O racismo, de acordo com o texto constitucional (art. 5º caput inciso XLII), constitui crime inafiançável e imprescritível. O que dizer então das brincadeiras teoricamente infantis e ingênuas das crianças brancas que chamam as crianças negras de "neguinho"?

O racismo nas escolas, nos bairros, nas ruas, entre as crianças é uma prática comum. É dessa brincadeira inocente que nasce o racismo real, aquele que constitui um crime, e cria grandes divisórias raciais.

São dessas que nascem os ku klux klan's e os nazismos da vida. Grupos como alguns skinheads (não todos, pois existem grupos de skinheads que simplesmente ouvem certo tipo de música. Alguns dos atuais integrantes desse grupo na verdade nem sabem o que significa ser um skinhead) e outros que pregam a prática da violência contra grupos de negros e de outros menos favorecidos (no Brasil por exemplo, o grupo dos nordestinos se enquadra nesses) nascem de conceitos formados por essas ideologias, que não têm outra origem senão nessas brincadeiras.

A exclusão das crianças negras nas escolas, principalmente nas escolas particulares, é uma triste realidade. Pais racistas ensinam aos filhos que não se deve andar com os coleguinhas negros porque são sujos e porque são pessoas de má índole. Muitas vezes a criança nem tem o instinto racista, mas acaba criando devido à influência de amigos e dos pais.

Para se entender melhor o assunto deve-se abrir um parêntese para o contexto histórico racial. Todos estão cansados de saber que desde a idade média os negros são discriminados e usados como escravos. Mas deve-se entender também que esse é um costume que começou com a colonização da África, porque as sociedades antigas, como a grega e a persa, apenas usavam prisioneiros de guerra como escravos.

Então por que um costume constituido apenas por uma infelicidade dos negros por terem sido colonizados pelos europeus deve ser mantida até hoje, principalmente num país que não possui uma raça originária? Se fossemos obrigados a dizer uma, seria essa a raça dos índios. Nessa linha de raciocínio o certo seria termos preconceito para com os brancos, negros, amarelos e toda e qualquer outra raça que não fosse a raça dos índios. E para ter fundamento essa ideologia, teríamos todos que falar tupi, guarani e as outras línguas originais do Brasil.

Por isso então a prática racista é um ato que se anula por não existir nenhuma raça ariana no Brasil e deve ser abolida entre as crianças principalmente de 8 a 12 anos que são as que estão formando conceitos fundamentais que estarão presentes por boa parte de sua vida ou até por ela toda.